segunda-feira, 5 de janeiro de 2009

Almada de Negreiros

Já alguém sentiu a loucura vestir de repente o nosso corpo? Já.
E tomar a forma dos objectos? Sim.
E acender relâmpagos no pensamento? Também.
E às vezes parecer ser o fim? Exactamente.
Como o cavalo do soneto de Ângelo de Lima? Tal e qual.
E depois mostrar-nos o que há-de vir muito melhor do que está?
E dar-nos a cheirar uma cor que nos faz seguir viagem sem paragem nem resignação?
E sentirmo-nos empurrados pelos rins na aula de descer abismos e
fazer dos abismos descidas de recreio e covas de encher novidade?
E de uns fazer gigantes e de outros alienados?
E fazer frente ao impossível atrevidamente e ganhar-Ihe,
e ganhar-lhe a ponto do impossível ficar possível?
E quando tudo parece perfeito poder-se ir ainda mais além?
E isto de desencantar vidas aos que julgam que a vida é só uma?
E isto de haver sempre ainda mais uma maneira pra tudo?

Tu Só, loucura,
és capaz de transformar o mundo
tantas vezes quantas sejam as necessárias para olhos individuais
Só tu és capaz de fazer que tenham razão
tantas razões que hão-de viver juntas.

Tudo, excepto tu, é rotina peganhenta.
Só tu tens asas para dar a quem tas vier buscar

2 comentários:

Anónimo disse...

Parabéns pela composição dos textos e do blog, gostaria de acompanhá-lo, seria um prazer,
aguardo uma resposta, obrigado e um excelente 2009 repleto de paz e realizações.
Abraços Literários.
Marcos Miorinni

Anónimo disse...

lies...